Sobre o Congresso do Bombo

 

O Congresso do Bombo é um evento organizado anualmente pela Associação dos Amigos do Tocá Rufar com o objectivo de colocar a cultura tradicional portuguesa em posição de destaque e de permanente valorização. Tendo sua primeira edição em 2015, o Congresso do Bombo foi concebido como um lugar de encontro entre diferentes tocadores, projectos e organizações com intervenção no âmbito da percussão tradicional portuguesa.


Durante o Congresso, tocadores tradicionais das Beiras, do Minho e do Douro têm contacto com os tocadores das orquestras modernas, criando momentos de profunda partilha e aprendizagem, onde as práticas do bombo são as protagonistas máximas.


Neste percurso das edições do Congresso do Bombo, o evento consolidou-se como um espaço de reflexão e debate, privilegiando o reconhecimento da relevância patrimonial do bombo e das tradições a ele ligadas, o seu valor excepcional como símbolo identificador de Portugal, o seu enraizamento profundo na tradição e história cultural do país, o seu papel na afirmação da identidade cultural e a sua importância como fonte de inspiração e de troca intercultural entre povos e comunidades.

 

Porquê os Congressos do Bombo

Em Janeiro de 2016 e na sequência da realização do I Congresso do Bombo (2015) o Tocá Rufar deu início à preparação da candidatura da prática dos Bombos à Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. (UNESCO - Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial - CONVENÇÃO 2003).


Congressos realizados:

 

I Congresso do Bombo - 28/29 Novembro de 2015
Aula Magna, Lisboa.

II Congresso do Bombo - 24/25/26 Novembro de 2016
Casa do Bombo, Lavacolhos e A Moagem, Fundão.

III Congresso do Bombo - 24/25/26 Novembro 2017
Casa das Artes, Amarante.

IV Congresso do Bombo - 23/24/25 Novembro 2018
Fórum Cultural do Seixal, Seixal

 

V Congresso do Bombo - 22, 23 e 24 de Novembro 2019  

Governo Civil, Vila Real


Próximos congressos previstos

VI Congresso do Bombo - Viana do Castelo (2020)
VII Congresso do Bombos - Mafra (2021)

VIII Congresso do Bombo - Vila Nova de Gaia (2022)


E certamente não ficaremos por aqui, outros se seguirão...

Um forte abraço a todos os amantes da música, da tradição, e dos bombos.

Pode ainda consultar o nosso directório dos grupos de bombos em Portugal em BOMBOS DE PORTUGAL.

Bem-hajam,
Rui Júnior

VI Congresso do bombo
BOMBO SUMMIT'20

Perspetivas de abordagem


Os Congressos do Bombo pretendem marcar um ponto de viragem no movimento das orquestras de percussão tradicional portuguesa assente em 3 determinações fundamentais. A primeira consiste na canalização do saber e das competências associados ao bombo português e à sua prática e viabilizar a sua difusão, a segunda em reafirmar os bombos tradicionais enquanto génese e razão deste movimento – impondo, de alguma forma, a enunciação dos elementos fundamentais deste património e a sua preservação - e, por fim, em reconsiderar o futuro artístico-cultural, educativo e económico deste movimento. (Maria Ceia)

 

A DIMENSÃO EDUCATIVA E PEDAGÓGICA

Integração das expressões culturais tradicionais nos sistemas educativos e de formação profissional; Formas inovadoras de ensino inspiradas na cultura tradicional;

Uma feliz metáfora de Michel Giacometti no seu livro "Cancioneiro Popular Português" reclama a presença de músicas "Do berço à cova", como algo que nos singulariza no mundo das espécies. Os instrumentos musicais permitem, à semelhança das ferramentas e artefactos criados para o que é de mais essencial  à vida, alargar as capacidades expressivas de todos os que têm a fortuna de os dominar.
As percussões, tocadas por amadores ou profissionais, são ensinadas em contextos formais e informais. Cada família necessita de técnicas específicas e de repertórios próprios que se caractarizam por uma constante inovação. Se considerarmos apenas os bombos, caixas e timbalões dos grupos de percussão popular portuguesa, encontramos a par de uma longa experiência de transmissão um apuramento técnico na execução musical e na construção. A todos se pode aplicar o que entendemos por Gesto musical: mobilização e domínio do corpo enquanto gerador de música. A sua aquisição consegue-se pela observação, imitação, experimentação e reinvenção, permitindo o desenvolvimento de capacidades vocais e corporais, o domínio de instrumentos,  o movimento e a dança.


Notas de reflexão por Maria Ceia | Directora Artística e Pedagógica do Tocá Rufar
Criar um contexto

Como agrupar os alunos? Por faixas etárias/ níveis musicais ou grupos heterogéneos com tocadores de várias idades e níveis? Ou são ambos necessárias? Como se pode criar um contexto que propicie o ensino e desenvolvimento do bombo tradicional e da sua linguagem? Como se fazia originalmente a transmissão oral da tradição e o que devemos reter desse método? Qual a pedagogia que melhor serve o bombo?
Qual a diferença entre trabalhar no meio rural e meio urbano? Existe diferença? Qual o vocabulário musical quando se fala da música tradicional? O que é partilhado com o jazz, o que é partilhado com a clássica e o que é único e particular?

 

A DIMENSÃO ARTÍSTICA E CULTURAL

Quem são os  compositores e os tocadores, os grupos tradicionais e as orquestras de percussão contemporâneas;

Notas de reflexão por Dr. Domingos Morais | Musicólogo A música que hoje ouvimos (e mais raramente fazemos), parece-nos talvez desligada de muitas das nobres funções e actividades que nos primórdios das comunidades humanas pontuavam a sobrevivência, a expansão lúdica e a vida ritual. A divisão operada no quotidiano da população activa entre tempo de trabalho e de não-trabalho, a par com a emergência de uma rentabilidade a todo o custo, afastaram-nos de vez de actividades que decorriam ao ritmo das estações do ano e dos ciclos próprios da recolecção, da caça, da agricultura, pecuária, pesca e artesanato. 

 

A DIMENSÃO EMPREENDEDORA

As unidades de produção de práticas artísticas; A construção de instrumentos artesanais; A oferta indústrial de instrumentos de série; O gosto de participar em grupos de percussão: o turismo cultural;  A música é em muitos países um criador de riqueza, contribuindo para o produto interno bruto e para a oferta de emprego em diferentes sectores de aplicação, dos específicamente musicais (ensino, espectáculos e edições) aos derivados pela quase universalidade da sua utilização em contextos lúdicos, comerciais, terapêuticos e identitários.

Notas de reflexão Economia à Chuva por Madalena Victorino | Coreógrafa
Como fazem os artistas que não estão protegidos pelo sistema, por uma instituição, por um contrato duradouro? Como criar e inventar fórmulas próprias e originais de economia independente para a realização dos seus projetos profissionais e pessoais? 

 

Objetivos


 

- Contribuir para a formação, valorização e qualificação das pessoas e organizações com intervenção no âmbito das artes populares e da percussão tradicional;

- Contribuir para a definição e implementação de políticas públicas nas áreas da cultura e da educação que promovam e valorizem as artes populares e tradicionais;

- Refletir sobre o fenómeno emergente dos grupos e orquestras de percussão criados um pouco por todo o país, tomando o TOCÁ RUFAR como referência ou exemplo, e contribuir para a criação de redes de cooperação que permitam promover e valorizar as artes populares, a percussão tradicional e o “bombo” enquanto instrumento icónico e de referência na identidade cultural do nosso país;

- Favorecer e estimular a cooperação internacional e o contacto com orquestras, compositores, tocadores, investigadores, projetos e organizações de outros países, contribuindo para a internacionalização e valorização da nossa cultura e dos projetos artísticos nacionais;

O congresso pretende articular a reflexão e a intervenção concreta e convocar a investigação, as ciências e os cientistas sociais, mas também as administrações públicas (central e local), os criadores, artistas e tocadores, os construtores de instrumentos (artesãos e empresas), os professores e educadores artísticos e os agentes culturais.